sexta-feira, janeiro 18, 2019

Quando na Raiva se juntavam trinta e seis barcas serranas e duzentos carros de bois ...

Pintura de Joana Santana
Em 1954, no jornal “Notícias de Penacova”, o Padre Manuel Marques (que assinava Manuel do Freixo) publicou na crónica “Casos & Coisas” um artigo sobre o Porto da Raiva

Referindo-se aos tempos áureos deste “notável entreposto”, recorda-nos que “ali chegavam os carros de bois carregadinhos de milho da Beira" , milho que ali se vendia "todas as quintas-feiras, num mercado que esses carros abasteciam juntamente com compridas comboiadas de barcos de feijão, sal, fazendas, mercearias” e outros produtos.

Nesses tempos [até finais do século XIX] “todo o concelho de Penacova afluía ao mercado da Raiva, principalmente para a compra de cereais” e os armazéns, já em 1954 em ruínas, “enchiam-se de tudo o que crescia dum mercado e que esperava ali o mercado da semana seguinte.”

CAPELA DE NOSSA SENHORA DA BOA VIAGEM (2019)
Refere o Padre Manuel Marques que “no dizer dos velhos” com quem conversou, chegavam a juntar-se ali “duzentos carros de bois e trinta e seis barcas grandes carregadas de sal e outros produtos”.

Curiosa é também a origem da Capela da Boa Viagem. Escreve aquele cronista: “Quando lá em cima, junto da capelinha da Senhora da Boa Viagem olhei para o rio, e quando da estrada, para cá da Raiva, disse o meu adeus à branca ermidinha da Senhora, compreendi então a razão por que os barqueiros da há cem ou duzentos anos ali foram construir aquele padrão da sua fé cristã, expressão da sua devoção a Nossa Senhora da Boa Viagem, fora do lugar, na encosta do monte: era pela mesma razão por que os barqueiros da freguesia de Penacova, queriam, por mais tempo, contemplar e saudar de longe, a Senhora da Guia como um farol a brilhar no Monte do Castelo, do Castelo de Penacova.”

Notícias de Penacova (1954)

PORTO DA RAIVA (2019)
PORTO DA RAIVA NA ACTUALIDADE
Foto:
 http://estradanacional2chavesfaro.blogspot.com/2012/02/en-2-1-etapa-chaves-peso-da-regua.html

1 comentário:

  1. Bem me lembra do Notícias de Penacova. Muita gente do concelho o assinava.... tal como o meu pai.

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