Remoçar na Praia
Uma pedra -se calhar de xisto - a desfazer-se
Rebolou
E amorteceu a sua viagem na acalmia
Do nosso Rio
Junto à “maternidade” no pedrario
Fazendo fugir os peixinhos em “pousio”
Nos círculos da água franca que abriu
Vieram-me rostos amigos que de lá viu
Antigamente em convívio são e Amizade
Um passarinho de bico esguio
Assobiou
E o som propagou-se como se fosse
Um arrepio
Também a rã quis coaxar
E a cigarra iniciou um concerto estridente
De rock da pesada em acasalamento tardio
Mais pra noite o pirilampo iluminará o breu
E as libelinhas adornarão o céu
Projectado na água
…
Neste vai e vem de tarde tardia
À cacofonia da bicharada (que rasga o silêncio)
Sobrepõe-se a faina poliglota dos veraneantes
Algumas crianças correm na ponte
De madeira tosca, resistente
Outras sorriem alegres
Mas com pés dormentes
Das pedrinhas que se lhes picam
Nos hábitos que não têm
Da Liberdade descalça
A que se contrapõe a do telemóvel na alça
- não saltes bebé que daí é perigoso!
- o limo é viscoso!
Diz uma Avó amorosa, ao meu lado
Por baixo do chapéu de sol de colmo
Africano
A que falta o côco para ser paisano
…
Está lá a areia, embora importada
Está lá a curva da barriga zangada
O Penedo da Viúva já é uma estrada
O tempo passou muito e depressa
Mas as coisas simples desta Praia do Reconquinho
[E as que deviam ser deste nosso fado mansinho]
Dão-lhe um ar que parece que ainda agora começa
A brisa do ar vindo dos salgueiros anda em circuito
A vista de cima faz-se num quadro a óleo bem culto
E o sol?
… Esse continua forte e ainda é gratuito!
quinta-feira, outubro 10, 2024
𝔻𝕒 𝕞𝕚𝕟𝕙𝕒 𝕛𝕒𝕟𝕖𝕝𝕒: Remoçar na praia
Luís Pais Amante
Casa Azul
Após uma tarde boa, passada na Praia Fluvial do Reconquinho,
com o Clube da Netaria e rememorando as traquinices
que eu próprio -e as minhas amigas e amigos
dos anos 60/70- por ali alimentávamos …
Simplesmente maravilhoso.....passei lá momentos de muita felicidade nos meus tempos de menina e moça...que jamais esquecerei.....parabéns!
ResponderEliminarQue bonito!
ResponderEliminarO nosso Reconquinho marca todas as gerações da nossa terra.
A mim, marca-me todos os dias e não me cansa.
Parabéns primo Luís.
Maravilhoso. Frequentei não muitas vezes no tempo que tu melhor conhecesse do que eu. Não havia parque de campismo, surgiu mais tarde, mas sempre um local "paradisíaco.
ResponderEliminarQue maravilha de gente em descontração numa Praia Fluvial.
ResponderEliminarO Poema está muito bonito, Dr. Luís
Consigo sentir esses momentos obrigado poeta amigo
ResponderEliminarQuanta riqueza de detalhes que o olhar do poeta Luis Amante extrai de uma experiência vivida. Eu estou sempre aprendendo com seus poemas. Parabéns
ResponderEliminarSim, como o meu e, nosso Luís poeta sabe tocar-nos com as experiências da vida e transformar em outra realidade que nos ajuda a mergulhar no sonho. A vida torna-se bela e com sentido. Bem haja!
ResponderEliminarAna Marques Lito
Gostei do que publicaste fez-me recuar no tempo em que também fui contigo e alguns nossos como é bom recordar. Abraço apertado Luís
ResponderEliminar🏖️ 🐸 🐠 🧚🏻♂️ 🎸 💙💙💙💙
ResponderEliminarLindíssimo poema ! Como ele reflete, tão bem, essa memória da saudável criancice de outrora e a ligação com, a não menos, felicidade dos meninos de agora. Parabéns e saudades
ResponderEliminarO Reconquinho não é da minha infância, que nasci na serra e naquele tempo tudo era longe. Mas a pedra a rolar, encosta abaixo, também foi uma das minhas brincadeiras quando era guardador de ovelhas 🙂
ResponderEliminarMuito bom, fico com vontade de conhecer!
ResponderEliminarTempos inesquecíveis. Tantos mergulhos que eu levei de vocês, tantas risadas, tantas brincadeiras. Que bom recordar. Beijinhos Luis
ResponderEliminarO tempo passa muiittto depressa,mas é incrível como deixa tantas memórias. E como é bom voltar lá mesmo que seja em recordação.
ResponderEliminarObrigada Dr.Luís.
Por nos ir " levando" nesse rio de memórias
Meu prezado amigo Dr.Luis Amante. Fico super feliz por mais este maravilhoso poema a fazer-me lembrar as nossas traquinices da nossa infância e juventude nessa bela praia do Reconquinho. Sim porque nessa altura atrvessavamos o Mondego de areal para areal com a agua a dar pelos joelhos, sabendo que a areia abundava até no meio do rio. Mas os Homens danificaram aquele rio tão lindo com a tiragem excessiva de areia. A nossa praia,hoje melhorada em alguns aspectos, não tem a beleza de autrora com os barcos conduzidos à vara
ResponderEliminarLindíssimo
ResponderEliminarGostei!
ResponderEliminarMemórias inesquecíveis.
Os "espaços" deixaram muitas marcas mas a vivência da(o)s menina(o)s daquele tempo deixaram recordações de amizade inolvidáveis.
Obrigada!
Dora
Gostei.Recordar os tempos da nossa infância,é saudável.Abraço.
ResponderEliminarSimplesmente maravilhoso, gostei muito, obrigado.
ResponderEliminarQue lindo!!’ É como tivesse vivido esse momento
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