A Procissão
O som das solas rijas das botas
Do Corpo Activo dos Bombeiros
Ecoava rua abaixo, voluntária
… e vagarosamente
Anunciava a Procissão do Enterro do Senhor
Aquela que percorre as nossas ruas em amor
Transmitindo, ao mesmo tempo, muita dor
A minha cabeça, à minha janela
Percepcionava o sentido da batida
Persistente … até eloquente
A chuva caía copiosamente
Abençoando o ajuntamento
Que não parava na ambição
De continuar a espalhar a fé
Era dia de Sexta-feira Santa
Os crentes acompanhavam-no
Mesmo sem chapéu ou manta
Concentrados … tranquilos
[Todos, todos, todos]
Em ritual sagrado já perdido no tempo
Com organização reverente
O Estandarte ia ali à frente
Levado pelo Paulo, da Ferradosa
E ladeado pelo Agrupamento 1079
Dos Escuteiros de Penacova
A Cruz (do Primo Bécas) a seguir
Curvando a cabeça na paixão
Em representação familiar, secular
A Verónica Maria, de Ribela
Parou, olhou, respirou
E cantou solenemente:
“O vos omnes
Qui transitis per viam
Atendite, et videte
Si est dolor similis sicut dolor meus”
A sua representação
Levou-nos ao encontro com Cristo
Na Via Crucis
O Padre João, de Benguela
Vinha lá, logo ali atrás dela
Em introspectiva oração
E o Povo emocionou-se
E suspirou d’enlutamento
… até a Casa Azul se arrepiou!
Luís Pais Amante
Casa Azul
A propósito de uma Procissão [que é histórica em Penacova] a que assisti com a minha Família, nesta Páscoa.
Excelente "descrição" da procissão de Sexta -Feira Santa em Penacova. "Eram " cerimónias que marcavam o perfil bem religioso da Vila e as povoações da freguesia que se deslocavam para participar!
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