sexta-feira, maio 26, 2023

Alves Mendes: notas para melhor conhecer este ilustre penacovense

 


Alves Mendes é uma das grandes figuras nascidas em Penacova e que deixaram o seu nome inscrito nas páginas da história e da cultura portuguesas. 


Encontramos muitas vezes em jornais e revistas referências a este ilustre penacovense. O primeiro excerto que a seguir transcrevemos foi publicado no jornal “Voz Portucalense” e o segundo num blogue de Penafiel. São elementos interessantes a juntar ao que temos vindo a publicar, quer no Penacova Online, quer no Penacova Actual.


Alves Mendes e a Capela das Almas (Porto)

Alves Mendes é uma figura eminente das letras portuguesas. Nasceu em Penacova e morreu em 4 de Julho de 1904, no Porto. Está sepultado no cemitério do Prado do Repouso. Formado em Teologia, foi cónego da Sé do Porto e professor do Seminário Maior desta cidade.

A sua fama de orador sagrado firmou-se principalmente desde que, em Lisboa pronunciou a oração fúnebre de Alexandre Herculano, por ocasião da transladação dos restos mortais do grande historiador para os Jerónimos. Pregou depois em idênticas solenidades, comemorando a morte de vultos insignes como Fontes Pereira de Melo e Barros Gomes. Uma das suas orações mais notáveis foi pronunciada no Mosteiro da Batalha, quando para ali se fez a transladação dos restos mortais do príncipe de Avis.

Além os discursos Alves Mendes publicou um livro de viagens, "Itália", que originou uma polémica, tendo sido acusado de plagiário de E. Castelar, escritor espanhol que publicou "Recuerdos de Itália". Em discussão acesa com Almeida Silvano sobre filosofia tomista, escreveu: "Um Quadrúpede à Desfilada" e "Tomista ou Tolista", obras que, no género, são verdadeiramente notáveis pelo vigor e sarcasmo da linguagem.

Além de orador sagrado, Alves Mendes foi um burilador de frases e um joalheiro de linguagem. Basta atentar nas frases escritas no seu túmulo, no Cemitério do Repouso.

Pois este escritor notável está duplamente ligado à Rua de Santa Catarina: pelo casamento de Camilo aqui realizado e porque desempenhou o lugar de Provedor da Irmandade das Almas, erecta na Capela das Almas, da mesma rua.

Lê-se no Livro das Actas da Capela das Almas que "No dia 8 de Maio de 1899, pelas oito horas da noite, foi eleito Provedor o Doutor Cónego Alves Mendes". Em 21 de Maio de 1900 volta a ser eleito para o triénio de 1900-1902, o Cónego António Alves Mendes da Silva Ribeiro, Arcediago d'Oliveira (a primeira vez que aparece este título honorífico). Em 2 de Maio de 1903, o Cónego Doutor Alves Mendes, Arcediago d'Oliveira, é reeleito, pela última vez, Provedor da Irmandade das Almas. E a partir deste momento não aparece mais qualquer alusão ao notável orador sacro que faleceu em 4 de Julho de 1904.

Pareceu-nos que uma referência a este escritor e orador sacro, célebre no seu tempo, não ficaria mal, já que o tempo vai diluindo a memória de todos, mesmo dos vultos mais eminentes. O tempo atreve-se a tudo.


Alexandrino Brochado, in “Voz Portucalense”

[Inauguração do culto de uma nova imagem do Sagrado Coração de Jesus no dia 24 de Junho de 1881 em Penafiel]

(…) Na sexta-feira dia 24, as cerimónias religiosas foram presididas pelo cónego da Sé do Porto Alves Mendes, que foi orador tanto da parte de manhã como de tarde.

O padre de seu nome completo, António Alves Mendes da Silva Ribeiro, era um pregador sobejamente conhecido pela elevação dos seus discursos e fascinação do seu estilo. A sua fama de orador sagrado firmou-se principalmente desde que, em Lisboa pronunciou a oração fúnebre de Alexandre Herculano, por ocasião da transladação dos restos mortais do grande historiador para os Jerónimos. Uma das suas orações mais notáveis foi pronunciada no Mosteiro da Batalha, quando para ali se fez a transladação dos restos mortais do príncipe de Avis.

Como escritor e orador sagrado, Alves Mendes foi um burilador de frases e um joalheiro de linguagem.”


in http://penafielterranossa.blogspot.com/2019/03/

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