As nove horas foram durante muito tempo o limite convencionado para as visitas sociais. Era também essa hora a que começavam os espectáculos frequentados pelas elites.
A expressão tem o significado de cerimonioso, vaidoso, presunçoso, petulante, complicado, meticuloso, emproado.
Saber que as nove horas eram, mais ou menos, a hora estabelecida para o recolhimento, não explica o sentido do epíteto de ‘cheio de nove horas’
Como acontece com muitas locuções existentes na linguagem popular, também para a origem do ‘cheio de nove horas’ existem diferentes versões.
Sendo antigamente o jantar bastante cedo, por volta das 18 horas, de modo a aproveitar ao máximo a luz do dia, as normas da boa educação impunham que, quando se ia a casa de alguém, aí não se permanecesse até depois das nove horas. Era a hora clássica do século XIX, regulando o final das visitas, ditando o momento das despedidas.
Assim, parece natural que fosse atribuído o epíteto de ‘cheio de nove horas’ a quem fazia questão de cumprir escrupulosamente essa regra social.
Porém, há outra possibilidade para a origem da expressão. Muitas vezes, era às nove horas que se iniciavam os espectáculos (ópera, teatro e mais tarde o cinema) e outros acontecimentos sociais nocturnos (bailes, festas), para os quais os frequentadores se vestiam a rigor. Ao verem que damas e cavalheiros passavam, a essa hora, ricamente vestidos e com modos a condizer, o povo teria começado a dizer que iam ‘cheios de nove horas’, ou seja, com aspecto de que iam à ópera, ao teatro, ao baile ou a uma festa.
FONTE: REPOSITÓRIO DO CONHECIMENTO INÚTIL ((J. Alvarinho Dias)
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