domingo, junho 23, 2019

No centenário da eleição presidencial de António José d'Almeida: [1] A visita a Coimbra


A reportagem fotográfica na "Ilustração Portuguesa"

O ano de 1919 ficou marcado pela eleição de António José de Almeida para a Presidência da República. Penacova celebra, assim, neste ano de 2019, o Centenário da sua Eleição Presidencial.

A eleição teve lugar em 6 de Agosto de 1919, reunido o Congresso[1] em sessão especial das duas câmaras, Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores. No 3.º escrutínio, António José de Almeida obteve 123 votos (73,7%), seguido de Manuel Teixeira Gomes com 31 votos e 13 listas em branco. Tomou posse em 5 de Outubro de 1919, em sessão solene preparada para a ocasião.

António José de Almeida sucedeu a João do Canto e Castro. Foi o primeiro Presidente da República eleito que cumpriu o seu mandato por inteiro. Mandato que terminou  em 5 de Outubro de 1923, sucedendo-lhe  Manuel Teixeira Gomes.

No final de Novembro e início de Dezembro de 1919, efectuou uma Visita Presidencial a Coimbra. No dia 1, presidiu à sessão solene inaugural do ano lectivo na Universidade, tendo sido a Oração de Sapiência proferida pelo Lente de Medicina João Duarte de Oliveira que  abordou a questão da autonomia universitária.

A visita a esta cidade revestiu-se de grande imponência. Fora recebido, no dia 29 de Novembro, na Estação Nova, vindo de Lisboa de comboio e também nos Paços do Concelho a que se seguiu a visita ao Paço das Escolas. À noite teve lugar um banquete de Gala nos Paços do Concelho oferecido pela Câmara Municipal (servido pelo Coimbra Hotel). No dia 30 visitou o Quartel de Infantaria nº 23 e na Ínsua dos Bentos passou em revista o Batalhão Expedicionário de Infantaria 23. De tarde visitou a Universidade e à noite assistiu a uma récita de gala no Teatro Avenida onde a Companhia do Teatro Nacional apresentou “A Morgadinha de Vale Flor”. O regresso a Lisboa aconteceu no dia 2 de Dezembro, onde à tarde, iria assistir à abertura do Parlamento.


Refere a Gazeta de Coimbra que na terça-feira, dia 2, veio a Penacova o Ministro do Comércio e Comunicações, Ernesto Júlio Navarro, acompanhado do Director de Obras Públicas, para se inteirarem das obras da estrada Penacova-Lousã. De passeio, terão vindo também o Ministro da Guerra (Hélder Ribeiro) e o Presidente da Câmara dos Deputados (Domingos Pereira).

Escreve o mesmo jornal que “a  cidade de Coimbra, vestindo-se de galas, cobrindo-se de flores, de bandeiras, soube prestar-lhe as honras que se devem a quem, pela Pátria, tem trabalhado incansavelmente.” E mais adiante: “A figura do Sr. Presidente da República foi saudada carinhosamente. A alma popular via nela ainda, como nos tempos da propaganda revolucionária, aquele orador arrebatador, transcendental, demosténico, que sabia fazer vibrar intensamente a escala das emoções humanas.”

No discurso proferido na Universidade, considerou a cidade de Coimbra “como a terra natal do seu espírito” dizendo que, ao entrar na Sala dos Capelos, depois da sua ascensão à presidência da República, sentira “na sua alma recordações inolvidáveis duma mocidade distante”.

António José de Almeida ao chegar a Coimbra
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A tomada de posse em 5 de Outubro de 1919

[1] Nos termos da Constituição Política da República Portuguesa de 1911 que então vigorava, o Presidente da República era eleito através de sufrágio indirecto, requerendo pelo menos dois terços dos votos das duas Câmaras do Congresso da República (Deputados e Senado) reunidas em sessão conjunta. As eleições tiveram lugar a 6 de Agosto de 1919, e decidiram-se ao fim do terceiro escrutínio, tendo António José de Almeida obtido 73,7% dos votos, contra os 18,6% do segundo candidato mais votado, Manuel Teixeira Gomes. O Presidente da Republica eleito tomou posse em 5 de Outubro de 1919.

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