A reportagem fotográfica na "Ilustração Portuguesa" |
A eleição teve lugar em 6 de Agosto de 1919,
reunido o Congresso[1] em
sessão especial das duas câmaras, Câmara dos Deputados e Câmara dos Senadores.
No 3.º escrutínio, António José de Almeida obteve 123 votos (73,7%), seguido de
Manuel Teixeira Gomes com 31 votos e 13 listas em branco. Tomou
posse em 5 de Outubro de 1919, em sessão solene preparada para a ocasião.
António José de Almeida sucedeu a João do Canto e Castro. Foi o primeiro Presidente da República eleito
que cumpriu o seu mandato por inteiro. Mandato que terminou em 5 de Outubro de 1923, sucedendo-lhe Manuel Teixeira Gomes.
No final de Novembro e início de Dezembro de 1919, efectuou
uma Visita Presidencial a Coimbra. No dia 1, presidiu à sessão solene inaugural
do ano lectivo na Universidade, tendo sido a Oração de Sapiência proferida pelo
Lente de Medicina João Duarte de Oliveira que abordou a questão da autonomia universitária.
A visita a esta cidade revestiu-se de grande imponência.
Fora recebido, no dia 29 de Novembro, na Estação Nova, vindo de Lisboa de
comboio e também nos Paços do Concelho a que se seguiu a visita ao Paço das
Escolas. À noite teve lugar um banquete de Gala nos Paços do Concelho oferecido
pela Câmara Municipal (servido pelo Coimbra Hotel). No dia 30 visitou o Quartel
de Infantaria nº 23 e na Ínsua dos Bentos passou em revista o Batalhão
Expedicionário de Infantaria 23. De tarde visitou a Universidade e à noite
assistiu a uma récita de gala no Teatro Avenida onde a Companhia do Teatro
Nacional apresentou “A Morgadinha de Vale Flor”. O regresso a Lisboa aconteceu
no dia 2 de Dezembro, onde à tarde, iria assistir à abertura do Parlamento.
Refere a Gazeta de Coimbra que na terça-feira, dia 2, veio
a Penacova o Ministro do Comércio e Comunicações, Ernesto Júlio Navarro, acompanhado
do Director de Obras Públicas, para se inteirarem das obras da estrada Penacova-Lousã.
De passeio, terão vindo também o Ministro da Guerra (Hélder Ribeiro) e o
Presidente da Câmara dos Deputados (Domingos Pereira).
Escreve o mesmo jornal que “a cidade de Coimbra, vestindo-se de galas,
cobrindo-se de flores, de bandeiras, soube prestar-lhe as honras que se devem a
quem, pela Pátria, tem trabalhado incansavelmente.” E mais adiante: “A figura
do Sr. Presidente da República foi saudada carinhosamente. A alma popular via
nela ainda, como nos tempos da propaganda revolucionária, aquele orador
arrebatador, transcendental, demosténico, que sabia fazer vibrar intensamente a
escala das emoções humanas.”
No discurso proferido na Universidade, considerou a cidade de Coimbra “como a terra
natal do seu espírito” dizendo que, ao
entrar na Sala dos Capelos, depois da sua ascensão à presidência da República,
sentira “na sua alma recordações inolvidáveis duma mocidade distante”.
António José de Almeida ao chegar a Coimbra |
A tomada de posse em 5 de Outubro de 1919 |
[1] Nos
termos da Constituição Política da República Portuguesa de 1911 que então
vigorava, o Presidente da República era eleito através de sufrágio indirecto,
requerendo pelo menos dois terços dos votos das duas Câmaras do Congresso da
República (Deputados e Senado) reunidas em sessão conjunta. As eleições
tiveram lugar a 6 de Agosto de 1919, e decidiram-se ao fim do terceiro
escrutínio, tendo António José de Almeida obtido 73,7% dos votos, contra os
18,6% do segundo candidato mais votado, Manuel Teixeira Gomes. O Presidente
da Republica eleito tomou posse em 5 de Outubro de 1919.
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