Não
sei como as esbeltas e espichadas manequins conseguem se equilibrar desfilando
com todo aquele rebolado nas passarelas. Fico até na torcida para que não
tropecem nas próprias pernas; elas caminham trocando passos quase de malabaristas.
Exibem
criações de famosos estilistas, roupas que depois ninguém mais vê, nem mesmo em
festas; creio que sejam criações apenas para desfiles. Também, cada roupa mais
estrambótica do que a outra.
Roupas feitas
por estilistas e costureiros renomados é coisa para pouca gente, por isso o que
mais se vê nas ruas é quase tudo “prêt-à-porter”, de lojas de grife, ou de redes mais populares, a depender do cacife.
Nas lojas mais
sofisticadas uma roupa “prêt-à-porter” pode até ser exclusiva, enquanto que nas
populares os “modelitos” são feitos em série estão, em todos os tamanhos, e
cores variadas. É só vestir e sair pela rua torcendo para não encontrar ninguém
vestindo igual.
Toda essa
conversa é muito mais dirigida às mulheres,
porque são elas as mais preocupadas com a moda. E essa coisa da moda é
muito interessante. Cada estação uma novidade, não sei como, definem a cor
predileta, se as roupas serão mais brilhantes ou não, se acima dos joelhos ou
na altura das canelas, se os sapatos serão plataforma e as sandálias
“rasteirinhas”. As mulheres ficam agitadas, todas correm para encontrar as
novidades, nenhuma quer se sentir “démodé”;
querendo ser originais ficam quase sempre iguais.
Contam
que em 1808, quando D. João VI partiu de Portugal rumo ao Brasil levando a família real, a fugir de Napoleão
Bonaparte, houve uma peste de piolhos no navio. Todas as mulheres, inclusive a Rainha e
princesas tiveram que raspar a cabeça e jogar as perucas fora. No desembarque,
elas se sentindo incomodadas por estarem com os cabelos raspados cobriram as
cabeças com lenços ou turbantes.
As grã-finas
do Rio de Janeiro, ao verem as mulheres da realeza usando turbantes, imaginaram
tratar-se de “nova moda” na Europa, aderiram à novidade mais do que depressa,
afinal, moda é moda.
A curiosa
passagem fiquei sabendo ao ler ao “1808” de Laurentino Gomes, sobre a fuga da
corte portuguesa de D. João VI para o Rio de Janeiro. É dele também “1822” , sobre a
Independência do Brasil. O terceiro livro “1889” , trata da Proclamação
da República. O autor ganhou vários prêmios: Premio Jabuti de Literatura, Melhor
Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira de Letras. É formado em Jornalismo pela
Universidade Federal do Paraná, com pós-graduação em Administração pela
Universidade de São Paulo, é membro titular do Instituto Histórico e Geográfico
de São Paulo e da Academia Paranaense de Letras.
P.T.Juvenal Santos
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