A libélula e a crônica
Das aulas de biologia nos tempos de colégio, e
isso já beira meio século, martelam ainda em minha cabeça denominações da
botânica, angiospermas, gimnospermas, briófitas e piteridóficas. Dos estudos da
genética, lembro-me das drosófilas, uma espécie de mosca.
E nesses voos solitários, quase sempre noturnos,
recordo-me de um artrópode interessante, as libélulas, que com a leveza de um
balé, tocam as águas dos córregos, lagos e rios.
Como os românticos e sonhadores, o macho da libélula
é tido com um inseto efêmero, de vida curta, morre logo após o acasalamento,
pertence à ordem dos Efeméridos;
palavra de origem grega que significa curto, que dura apenas um dia
Nos dias de hoje, diante da velocidade dos
acontecimentos e da dinâmica da informação, com notícias transmitidas “online”,
no momento em que acontecem, parece claro que os jornais impressos estão com os
dias contadas; outras midias que se cuidem!
O jornal chega pela manhã trazendo as notícias,
passa o dia sobre a mesa, algumas vezes pelo chão. Quando chega a noite, ou no
máximo na manhã seguinte vai para a pilha de jornais velhos; fica velho de um
dia para o outro.
E a crônica! Coitada, mal vive um dia, lida
torna-se página virada, ultrapassada e velha, ninguém mais quer saber dela.
Ainda assim o cronista não desiste, como o
romântico sonhador, quem sabe o vaivem dos dedos pelo teclado, no momento da
composição do texto, o faça lembrar do balé da libélula e do macho. Então, segue escrevendo, porque a crônica ainda
que efêmera, vive.
P.T.Juvenal Santos – ptjsantos@bol.com.br
NOTA: o título do post é do Penacova Online
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