Meu pai era iporanguense, dai minha ligação com a cidade.
As primeiras ocupações do lugar se deram em meados de 1576, com a formação
do Garimpo de Santo Antônio, a oito kilômetros da foz do Ribeirão Iporanga, que
desemboca no Ribeira de Iguape.
Seguiu-se a exploração do ouro. Era tanto o ouro que a igreja tem os sinos
fundidos na Europa com o brasão do Império.
A extração trouxe mais gente, a fixação se deu em pequenos núcleos, com atividade agrícola de subsistência, cana
de açúcar e cereais; depois, arroz, mandioca, mais tarde as plantações de banana.
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É uma cidade com muita religiosidade. Anualmente, em 31 de dezembro é
realizada a Festa de Nossa Senhora do Livramento, quanto a imagem desce o rio
em uma balsa, em romaria, acompanhada por canoeiros. Devotos acompanham a
descida em bóias feitas com câmaras de ar de pneu de caminhão. No final da
festa a Santa sobe o rio na balsa, levada para a capelinha onde fica até o
próximo ano. A balsa é desmontada.
Iporanga tem 2.032 habitantes na cidade e 2.702 na zora rual.
As casas de Iporanga da minha infância eram iluminadas apenas durante pouca parte da noite. Era uma luz amarela fornecida por um gerador a diesel. Nos finais de tarde, quando o dia ia morrendo e a noite chegava, sentava-me, com meu irmão, nas escadarias da igreja para ver as estrelas nascerem. Íamos contando uma a uma, conforme eram encontradas.
As casas de Iporanga da minha infância eram iluminadas apenas durante pouca parte da noite. Era uma luz amarela fornecida por um gerador a diesel. Nos finais de tarde, quando o dia ia morrendo e a noite chegava, sentava-me, com meu irmão, nas escadarias da igreja para ver as estrelas nascerem. Íamos contando uma a uma, conforme eram encontradas.
Cinco, gritava eu! Seis, respondia.
Veja aquelas pequeninas lá! Sete! Oito!
Nove!. Assim prosseguíamos, até que de repente, na quase completa escuridão da
noite, podíamos contemplar o céu repleto de estrelas, espetáculo que hoje
somente pode ser visto bem longe das luzes das cidades. Às vezes, tirávamos os
sapatos, deles fazíamos almofadas para apoiar as cabeças; deitados de barriga
para cima, podíamos contemplar melhor a beleza. Nossos pais, juntamente, com
nosso avô, ficavam dando voltas pela igreja. Quando mamãe via que estávamos
deitados no chão, ensaiava uma reprimenda, no que era contida pelo sogro. Ele, muito
calmo e com um sorriso no rosto, demonstrava adorar as peraltices dos netos. A
dos filhos nunca aceitara; como todo
avô.
A Iporanga de hoje
iluminada pelo progresso tem as estrelas do céu quase apagadas. Recentemente,
quando lá estive, para que pudesse ver, novamente, o espetáculo da noite
estrelada, atravessei a ponte para cruzar o rio, fui um pouco além da cidade.
De lá pude sentir o mesmo deslumbramento da infância. Pude contar as estrelas,
até mesmo identificá-las. Deitei-me na grama de barriga parar cima, sem me preocupar
com o pito de minha mãe. Ela não estava mais lá, quem sabe fosse a estrelinha
mais brilhante. Meu avó também não estava lá. Nem mesmo meu pai. Ele, depois da longa
caminhada percorrida, preferiu ficar descansando, sentado no banco da praça da
igreja, aguardando que eu retornasse do outro lado do rio.
P.T.Juvenal Santos
Oi Mano, muito bom mesmo, me fez lembrar quando lá estive pela ultima vez com o Pai e o Lúcio. Parabéns pelo texto.
ResponderEliminarCarlos H. Santos