26 março 2015

Jornal Notícias de Penacova: 26 de Março de 1932 - 28 de Dezembro de 1978

A primeira página do nº 1 (26 de Março de 1932)
O Notícias de Penacova, veio a lume pela primeira vez, a 26 de Março de 1932 Faz, portanto, hoje, 83 anos. Teve uma existência de quase meio século.

O primeiro director e proprietário foi José de Gouveia Leitão (que, recorde-se, era  filho do Conselheiro Artur Leitão e foi Presidente da Câmara). O editor era João Simões Barreto (que também estivera ligado ao Jornal de Penacova). João Barreto era Fiscal dos Impostos, escritor e fotógrafo amador. Como redactor principal encontramos o nome de Joaquim Jerónimo da Silva Rosa, natural de Lorvão (casado com a escritora Lúcia Namorado, prima de Maria Lamas e mais tarde fundadora da Revista Os Nossos Filhos). Na altura era escrivão do Julgado Municipal de Penacova. O administrador era o professor e delegado da Junta Escolar, José Joaquim Nunes.

Apresentou-se como ‘’Semanário Regionalista” e ao mesmo tempo "integrado na corrente que de norte a sul” se desenhava. Passado um ano de publicação, assume-se como afecto do “nacionalismo triunfante”.


Até 1937 coexistirá com o Jornal de Penacova num clima de alguma tensão. Em 1936 a direcção passa de J. Gouveia Leitão para Monsenhor José de Oliveira Machado.

Nas últimas décadas de existência será marcado pelas figuras do Professor e Delegado Escolar Joaquim de Oliveira Marques e do Padre Manuel Marques (que assinava as suas escritas como Manuel do Freixo). Este padre, natural de freguesia de Figueira de Lorvão, escreveu durante muitos anos no bem conhecido “Amigo do Povo” a crónica À Sombra do Castanheiro / Ao calor da Fogueira. O Arcipreste, e mais tarde Cónego, Manuel Vieira dos Santos foi também seu proprietário. Era  natural de Santa Catarina da Serra, ali perto de Fátima, onde está sepultado,  .

Com a morte deste, em 1966, a gestão passou  para a Paróquia de Penacova. Após o 25 de Abril de 1974 Joaquim de Oliveira Marques é “saneado” e os seus directores passarão a ser os sucessivos párocos de Penacova.

 Por motivos financeiros, conforme oficialmente anunciado,  terminará em 8 de Dezembro de 1978.

22 março 2015

Penacova rural: início dos anos oitenta







FOTOGRAFIAS DE VARELA PÈCURTO*
RECOLHIDAS
NO CONCELHO DE PENACOVA NO INÍCIO DOS ANOS OITENTA


O MEIO RURAL EM PORTUGAL

Como faz notar F. O. Baptista (1996: 53), na primeira metade dos anos setenta (1970/74), a superfície semeada anualmente no Continente já baixara 23% relativamente a 1960/64, e, em 1985/88, esta quebra era já de 45%. Entretanto, compram-se muito mais adubos, pesticidas, motores e tubos de pvc para rega, e tractores.

Em 40 anos a química e a mecânica instalam-se nos campos. Da vila ou da cidade chegam também sementes, rações e gasóleo.

É a mudança tecnológica bem patente na percentagem dos consumos intermédios na produção final da agricultura, que passa de 6% em 1950 para 45% em 1990 (F. O. Baptista, 1996: 40).

 in O MEIO RURAL EM PORTUGAL: ENTRE O ONTEM E O AMANHÃ - Comunicação apresentada  por José Portela  (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro) ao Seminário Internacional A Revitalização do Mundo Rural e o Ordenamento do Território, Lisboa, 15-17 de Maio de 1997. 



* publicadas no livro Penacova de Varela Pècurto, 
   edição Hilda, Coimbra 1984 

18 março 2015

Cartas Brasileiras

Crónica de 
Paulo Santos

                                             DEVOLVA O ANEL

           
            De uns tempos para cá, as coisas andam por demais estranhas no meu país, fica cada vez mais difícil saber o que é ético e moral.
Vozes irão se levantar para dizer que a estranheza  não é de hoje, começou em 1808, com a chegada de Dom João VI e sua a corte, e que o “apadrinhamento”, inchaço da máquina pública, vem desde aquela época, pois que na fuga de Portugal, entre 10 e 15 mil portugueses vieram para o Brasil. Claro, o “povo” lá ficou não por não temer Napoleão, mas por tão ter como vir.
O tal “déficit  público” é  herança maldita; treze anos após a chegada da Família Real o buraco no orçamento tinha aumentado mais de vinte vezes. Já  naquele tempo contratavam artistas com o dinheiro “da viúva” e esbanjavam o que não tinham com viagens dos integrantes da “corte” (um dia vi pela TV Senado aprovarem o requerimento para que um senador se ausentasse do país para participar de um congresso em Saigon; 30 dias!).
O Banco do Brasil  criado em 1808 estava arruinado em 1820, seus depósitos em ouro, que serviam para de garantia para a emissão de moeda, representavam apenas 20% do total em dinheiro; 80% era “moeda podre”. Não fizeram o reajuste fiscal!
A “caixinha” corria solta nas concorrências e pagamentos dos serviços públicos; se o interessado não “comparecesse” com os 17% os processos simplesmente paravam de andar. Portanto, por que reclamar tanto do que acontece na Petrobrás!  
Ora, como se vê, dirão para se justificar, as coisas por aqui desandam desde o tempo da coroa. Verdade! Os que aí estão não foram os únicos, mas isso pouco resolve, não limpa a alma de ninguém; padrões éticos estão mais na vergonha de cada um.   
Imagine, alguém que tendo cometido um assalto com sua quadrilha,  presenteia a mulher com o anel de brilhante que roubou! Ainda que ela desse uma de Dona Maria, a louca, e dissesse que não sabia que o marido era ladrão, que o anel era roubado, ou preferisse desconhecer a origem do bagulho, poderia querer ela ficar com o produto do roubo! Certamente que não, diremos nós; há os que acham que pode.
Tudo bem que não deva ser presa, pensamos nós, mas que devolva o anel! 

P.T.Juvenal Santos
_________________________________________ 
Nota: 1) As citações sobre a chegada da família real foram obtidas no livro 1808 de Laurentino Gomes, um livro de história do Brasil e Portugal, publicado em 2008. O autor recebeu o prêmio de melhor Livro de Ensaio da Academia Brasileira de Letras e Prêmio Jabuti de Literatura. Escreveu 1882 e 1889 completando a trilogia.

CLIQUE NA IMAGEM PARA VISUALIZAR O VÍDEO

Nota: 2) Dia 15 de março de 2015, a população saiu às ruas no Brasil para protestar contra a corrupção, contra o verdadeiro assalto cometido contra a Petrobrás, a nossa empresa queridinha. O Ministério Público, recebendo as denúncias da chamada Operação Lava Jato indicia por diversos crimes, empreiteiros,  diretores da Petrobrás e políticos. O esquema enriquecia os donos das empreiteiras, os diretores da Petrobrás, e fornecia dinheiro para partidos políticos principalmente para os integrantes da base aliada do Governo: PT. PMDB e PP, financiando inclusive campanhas eleitorais.  É disso que trata o vídeo.                                     

16 março 2015

Bizarros comportamentos com 480 milhões de anos

Ainda sobre o assunto que temos vindo a tratar relacionado com a tal "Pedra Curiosa", acrescentamos hoje mais alguma informação, especialmente dedicada àqueles que estão empenhados e estão a levar a sério a hipótese de termos na Livraria do Mondego mais um elemento que enriquecerá aquele local. Poder, aí, onde há  100 anos foi encontrado, observar aquele icnofóssil (ou uma réplica) ainda preservado e visitável no Museu Geológico da Universidade de Coimbra, seria sem dúvida mais um ponto de interesse a acrescentar àquele sítio.

O texto que se segue, referente a Penha Garcia, muito bem se poderia aplicar à Livraria do Mondego, dado que as condições materiais e temporais são as mesmas. Por isso onde se lê Penha Garcia, poderíamos ler  Livraria do Mondego, Entre Penedos...


Icnofósseis de Penha Garcia

Cruziana furcífera - Penha Garcia
Fotografia de Pedro Martins

Penha Garcia há 480 milhões de anos. Um mar negro pela noite austral é varrido por ventos ciclónicos que erguem ondas colossais. Nesta paisagem de trevas , pouco mais se vislumbra do que pequenos baixios arenosos despojados de vida, um mar gélido estende-se para além do horizonte. Terra firme existe a algumas centenas de quilómetros, uma gigantesca massa continental onde se individualizam apenas maciços rochosos, desertos pedregosos, lagos e rios cor de terra. O verde não existe.

As primeiras plantas terão um papel decisivo na formação e fixação de solos apenas 65 milhões de anos mais tarde.

Assim, pouca coisa vai sucedendo na terra, para além de uma rápida erosão causada pelos rios numa paisagem desértica.

Abaixo da superfície líquida crispada, a vida floresce  e fervilha de emocões. Colónias de vermes poliquetas e foronídeos sedentários estendem os seus apêndices plumosoas às correntes marinhas a partir das suas tocas verticais  ou em forma de U, quais redes para a pesca  de minúsculas partículas orgânicas em suspensão nas águas agitadas.

passagem de um grande artrópode  filocarídeo ( semelhante a um camarão encerrado numa concha) nadando sobre estas colónias de “pescadores” faz com  que , num piscar se olhos,  os poliquetas e foronídeos se escondam no interior dos seus tubos escavados nos fundos arenosos.

As fortes correntes de fundo que modelam a areia numa sucessão de cristas paralelas e levantam nuvens de finas partículas também são o fulcro do alimento para os braquiópodes linguliformes. No entanto estes seres vivem enterrados  na areia no interior da sua concha bivalve, mantendo uma ligacão com o exterior para respirar e obter alimento.

A maior profundidade milhares de  trilobites revolvem o fundo arenoso em busca de alimento, adoptando várias e inovadoras estratégias de comportamento que lhes permitem obter mais comida com menos esforço ( Neto de Carvalho, 2006). Basicamente as escavações que as trilobites produzem entre níveis de areia e argila, num acto continuado de assimilação dos abundantes detritos orgânicos, correspondem sulcos bilobados provocados pelo movimento síncrono de mais de 13 pares de patas. Neste colossal fast food de Penha Garcia não é raro ver o trabalho de algumas das maiores trilobites que alguma vez terão existido, com quase meio metro de comprido: verdadeiros gigantes no mundo dos invertebrados! São animais que se alimentam em grupos compostos por dezenas de indivíduos da mesma idade.

Afastados destes gigantes couraçados,  verdadeiras escolas de trilobites com pouco mais de 4mm de comprido testam as estratégias de alimentação e os modos de vida que fizeram deste, um dos mais bem sucedidos grupos de artrópodes de sempre, até desaparecerem  definitivamente  dos oceanos  230 milhões de anos mais tarde.

São janelas temporais deste mundo perdido há muito que poderá encontrar ao longo da Rota dos Fósseis, em Penha Garcia.

Cada camada de quartzito, hoje verticalizada, conta um instante passado no fundo marinho de há 480 milhões de anos. Aprender a ler este livro sobre a História da Terra é despertar para a solução de múltiplos enigmas  que constituem a evolução da Vida.


capa do livro em referência
Carlos Neto de Carvalho (texto) e Pedro Martins (Imagens) Geopark Naturtejo da Meseta Meridional - 600 milhões de anos em imagens. Edição: Naturtejo, E.I.M. – Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, 2007



in Carlos Neto de Carvalho e Pedro Martins ,op. cit.


 Se não conhece Penha Garcia, deixamos a sugestão de uma visita!

15 março 2015

Cartas Brasileiras: Com Cópia Oculta


Ao enviar email em cadeia para meus amigos, utilizo sempre o recurso CCO (Com Cópia Oculta); evito expô-los. Em uma dessas mensagens, encaminhava a todos as respostas recebidas, sem que ninguém soubesse de quem era. O incrível era que eu não conhecia pessoalmente um dos meus grandes amigos.
Como ter amigo que não se conhece? Se eu contasse veria que pode.
Título do email: "Eu não estou me comportando mal"; o qual escondia uma mensagem cifrada. No texto, a morte de Robin Williams, e um link para que ouvissem uma música, uma descoberta, então recente; desconhecia a música e o intérprete, mesmo sendo preciosidade dos anos 40! A beleza nem sempre se nos apresenta, temos que buscá-la.
Logo veio a primeira resposta de um o amigo que se valeu de Saramago:  "Ninguém está falando que está"; ou seja, que eu estivesse "enchendo". Passou ele batido pelo texto cifrado. E seguiu falando do ator: ”atuação extraordinária em Bom dia, Vietnã. Acho que o diretor deixou-o fazer o que quisesse. Outra atuação maravilhosa é a do professor, em Sociedade dos Poetas MortosÉ isso aí. Matarei a saudade, revendo seus filmes”.
O amigo “desconhecido” comentou: “Devo dizer-lhes que estou ouvindo a canção; eu ainda não há conhecia, foi amor à primeira vista; incrível, como pude não conhecer essa maravilha! Como não sabemos de nada!”
            Outro escreveu: “ah, eu também sou fã de Robin Williams, digo sou, porque sou fã de Burt Lancaster, James Stewart, Audrey Hepburn, Ava Gardner, etc., etc.”.
Animado, um queria mais: “espero que nos encontremos novamente nas próximas mensagens, estou adorando essas conversas;  a música é adorável!
            Há sempre os mais comedidos: “Obrigado pela música, de extremo bom gosto; enfeitou meu sábado”.
            A morte do ator provocou mais comentários: “concordo, foi sim um belo filme. Linda canção! Bom final de semana, boas viagens. Abraços do amigo de sempre.”
          Como eu, um saudosista: “adorei Sociedade dos Poetas Mortos;  não tenho visto mais filmes tão lindos assim. Ou eu me tornei um chato, ou não fazem mais daqueles filmes”.
O fim daquela conversa veio com o email que enviei: “Interessante, amigo de sempre não é aquele que é desde a eternidade, mas aquele que ao se tornar permanece assim. Abraço a todos. Tenho que ir, minha mulher já me telefonou para o almoço; explico, meu netinho quer comer comida chinesa no Shopping, eles foram eu fiquei, agora lá vou eu.”
            Não me censurem pela brincadeira de “Eu não estou me comportando mal”, segue o link para que ouçam “Ain´t Misbehavin´ ”; é linda!


PS: o amigo que não conhecia partiu de repente, tive que apagá-lo dos meus contatos. Muito triste.  Ah! Ele adorava a música “Misty” 

12 março 2015

A "Pedra Curiosa": leia a notícia que o Jornal de Penacova publicou em 1915

Já em 20 de Fevereiro de 2011 havíamos escrito neste blogue um texto intitulado As Bilobites de Penacova onde dávamos conta dos longínquos anos em que pela primeira vez tivemos a oportunidade de ver esta “pedra” no Museu Geológico da Universidade de Coimbra.
No livro Penacova e a República na Imprensa Local (2011) também fizemos referência 
à “pedra curiosa” a propósito da crítica desferida às crenças religiosas do “povo ignorante” por parte dos republicanos, detentores do Jornal de Penacova.
Em 2012 quando se preparava a obra Patrimónios de Penacova, de novo procurámos mais informação sobre o assunto. A referência a “este património” ficou a constar do livro. Já antes, na obra de Carlos Fonseca e Fernando Correia, Penacova,o Mondego e a Lampreia havia sido dado grande relevo a estes aspectos, inclusivamente com fotografias excelentes de fósseis recolhidos na região de Penacova e também dos icnofósseis (vestígios da actividade biológica) encontrados na zona de “Entre Penedos”.
Há dias, a propósito da intervenção que a Câmara Municipal está a levar a cabo na Livraria do Mondego voltámos ao assunto. Quando hoje publicámos imagens da “lage de grandes dimensões” prometemos trazer aos leitores do Penacova Online a notícia publicada em 1915 no Jornal de Penacova nº 709 de 22 de Maio de 1915.

Aqui vai:

PEDRA CURIOSA

Em Entre Penedos, nas obras da estrada 48 (...) foi encontrada uma pedra curiosíssima, com desenhos em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço uniforme, de largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão, com umas reentrâncias ao meio. Os desenhos ou antes cordões entrecruzam-se, sobrepondo-se no ponto de contacto.
A pedra que conseguiu arrancar-se , mas fragmentada , mede cerca de 3 metros de comprimento por um a um e meio de largo e de 20 a 30 centímetros de espessura.
O bloco, que foi encontrado em posição vertical (...) não foi completamente arrancado devido à grande dificuldade que há em o fazer.
O lente de geologia da Universidade, dr. Anselmo Ferraz, veio ver a referida pedra e mandou removê-la para o museu daquela cidade. O exemplar realmente curioso não é uma novidade para os geólogos (...) uns atribuem à incrustação de raízes e fetos minerais (...) outros atribuem ao rasto de um bicharoco de nome muito arrevesado que agora não nos lembra, que passeava muito tranquilamente por sobre esses referidos minerais, que depois se petrificaram.
Como é natural, em volta da referida pedra já o nosso povinho na sua ignorância, criou uma lenda - ou mais do que uma - crendo uns que aquilo é obra dos moiros e outros que é coisa de milagre porque no emaranhado dos desenhos e ao meio de um círculo, com um pouco de boa vontade, se pode ver desenhada uma cruz!
Mas não temos que nos admirar do desacordo em que o povo ignorante está sobre a origem da curiosa pedra, porque os próprios sábios geólogos também o estão!
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Jornal de Penacova, nº 709 de 22 de Maio de 1915

Alguns dos cabeçalhos que o Jornal de Penacova (1901-1937)
foi apresentando

Ainda a "Pedra Curiosa" ou Cruziana de Entre Penedos: veja aqui fotos e vídeo recolhido em 2012 aquando da preparação do livro Patrimónios de Penacova

Publicamos, na sequência do penúltiplo post, um conjunto de imagens 
que tínhamos em arquivo, sobre este tema. 
Oportunamente publicaremos o texto que saiu no Jornal de Penacova há 100 anos
quando foi descoberta a tal " Pedra Curiosa", assim designada no título do artigo.














CLIQUE NO LINK ABAIXO PARA VER VÍDEO

24 fevereiro 2015

CARTAS BRASILEIRAS: O NARIZ DE VAN GOGH

Cores primárias, secundárias, terciárias, complementares, são denominações para classificar as cores. Há outras tantas: podem ser quentes e frias. Pouco sei sobre as cores, pouco sei sobre elas, mas são tão belas! Do mesmo modo como me disse um amigo, de vinho e mulher pouco entendo mas gosto!
Para um artista, sabê-las é imprescindível, para melhor distribuí-las na tela no momento da criação, e assim chamar a atenção para o tema principal, dar destaques, oferecer contrastes, suavizar, dar força e equilíbrio. Não basta distribuir sobre a paleta vários montinhos de tinta e tentar combinações, poderá acontecer de serem todas cores complementares, que se misturadas resultarão em cinzas e preto.
            Dizem que, em suas alucinações, Vincent Van Gogh cheira os montinhos de tinta, comia, na tentativa de descobrir o gosto do amarelo, o sabor do vermelho, que paladar teria o azul, para assim poder melhor utilizá-las! Ficava ele intrigado com o que se passava na mistura do azul com o amarelo na formação do verde. Com tanta a ansiedade, para entender as cores, era capaz de beber solvente com bocados de tintas, queria compreender a interação que se dava entre elas. Que ninguém faça isso; mera loucura,  loucura do genial Van Gogh.
            E, como de gênio e louco todo mundo tem um pouco, vou dar minhas pinceladas do jeito que “malemá” eu sei, escrevendo (malemá, mais ou menos, expressão usada no Vale do Ribeira, SP, Brasil, região onde nasceu meu pai).
            Como o negro é a ausência de cores, posso dizer que meu deu “um negro”, ausentei-me de escrever prá lá de um mês para o blog.
CLIQUE NA IMAGEM

E, como cantou Frank Sinatra, “Let me tray again” (Paul Anka/Cahn e Caravelli):Deixe-me tentar novamente/ pense em tudo o que tínhamos antes/ deixe-me tentar mais uma vez / podemos ter tudo/ você e eu novamente/Apenas perdoe-me ou eu vou morrer/por favor, deixe-me tentar novamente”.
            Do mesmo Paul Anka, o Senhor Olhos Azuis, cantou MyWay, que pode ser ouvida e vista no YouTube.

My Way (clique no link acima)
            Meu abraço ao David, retomando o blog, o que é muito bom para Penacova.

Paulo T J Santos – ptjsantos@bol.com.br

Nota:
Obrigado Paulo. O regresso dos seus textos é também enriquecedor para o blogue e para os seus leitores.

Encontrada há 100 anos a “pedra curiosa” da Livraria do Mondego

Na obra Patrimónios de Penacova – apontamentos para a sua valorização e divulgação, de J. Leitão Couto e David Almeida (e também no livro Penacova, o Mondego e a Lampreia, de Carlos Fonseca e Fernando Correia) refere-se um pormenor, que entre outros,  atesta a importância geológica da “Livraria do Mondego”. Nestas obras são apresentadas imagens da lage de grandes dimensões colectada na zona em 1915.  Esta “pedra” encontra-se exposta no  Museu Mineralógico de Coimbra.  Segundo a legenda “trata-se de um icnofóssil de trilobite semiplicata do Período do Ordovícico da Era Paleozóica.” Nos finais do séc. XIX o prestigiado geólogo Nery Delgado fez importantes estudos nesta região e elaborou mesmo a célebre  Carta Geológica do Buçaco. 
"Bilobites – Vila Nova - Penacova" - assim
identificada no Museu Mineralógico
da Universidade de Coimbra
Naquele ano de 1915, segundo notícia do Jornal de Penacova, quando decorriam as obras da Estrada Real n.º 48 na zona de "Entre-Penedos" foi descoberta “uma pedra curiosíssima com desenhos em alto relevo, que não obstante serem irregulares, são de traço uniforme, de largura aproximada de seis centímetros, em forma de cordão (…) os desenhos ou antes cordões entrecruzam-se, sobrepondo-se no ponto de contacto. A pedra que conseguiu arrancar-se mas fragmentada, mede cerca de 3 metros de comprimento por um e meio de largo e de 20 a 30 cm de espessura.”

Ora, é esta "pedra curiosa" que ainda hoje se pode observar  no Museu Mineralógico e Geológico da Universidade de Coimbra com a indicação "Bilobites – Vila Nova - Penacova".Na altura, o lente de Geologia, Anselmo Ferraz, mandou remover a placa para o museu daquela cidade – diz o referido jornal - para estudo e posterior exposição. Junto do painel de grandes dimensões podemos ler ainda  a seguinte informação: "Cruziana sp. – Marcas da locomoção produziadas pelo movimento de trilobites sobre sedimentos pouco estabilizados. As trilobites deslocavam-se rastejando semi-enterradas no sedimento com ajuda de apêndices locomotores. Pensa-se que estas marcas poderão estar também relacionadas com os métodos de alimentação utilizados pelas trilobites".

Como escreveu Carlos Neto de Carvalho, estudioso destes temas, trata-se de  "janelas temporais" dum mundo "perdido" há cerca de 500 milhões de anos. A propósito, refira-se que o jornalista penacovense, Álvaro Coimbra, o entrevistou aquando da produção de uma reportagem para a Antena1 sobre o Geopark Naturtejo, que inclui o núcleo de Penha Garcia.
Por falar em Álvaro Coimbra,  o local conhecido por “Entre Penedos”, resultante do corte do Penedo João Freire, foi tema do post de em 10 de março de 2014, precisamente no seu blogue “Livraria do Mondego”.

Já o sugerimos na obra acima referida: seria motivo de interesse local e de enriquecimento turístico da zona se uma réplica do original estivesse exposta em Penacova – mais precisamente no local onde há 100 anos foi encontrada. Já só falamos em réplica, partindo do princípio de que dificilmente o original regressaria à origem. 

Até porque cremos  que esta ideia não terá sido ponderada no projeto de preservação do Património Natural da Livraria do Mondego, candidato ao Programa LEADER ADELO, que vai permitir avançar com as obras relativamente às quais em 19 de Novembro passado  foi assinada  a consignação da empreitada. Conforme refere o site da Câmara, “esta empreitada [no valor de 46.473,14 euros] vai permitir preservar, valorizar, dinamizar e promover o território e nomeadamente aquele núcleo geológico, promovendo as acessibilidades a pontos fulcrais que permitam devolver este espaço de excelência natural às populações locais e visitantes”.
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