13 janeiro 2014

Engenheiro mecânico penacovense radicado no Brasil lança mais um livro

Do Brasil, acabamos de receber uma mensagem de um nosso conterrâneo, natural da Rebordosa, dando conta do lançamento de um livro técnico sobre Automóveis. É com muita satisfação que deixamos aqui a notícia e que transcrevemos a sua "carta", bem como um artigo publicado a propósito do lançamento daquela obra.

Bom dia Prezados,
Meu nome é Hélio da Fonseca Cardoso, sou natural da Rebordosa, Lorvão, Penacova e resido há  mais de cinquenta anos em São Paulo, Brasil.
Tenho grande orgulho de ter nascido nessa Terra abençoada e muito linda. Sou neto do Sr. Joaquim Luís Miguel que foi um grande comerciante de ervas medicinais de Penacova.
Em 2012 lancei meu primeiro livro sozinho (já tinha escrito outros três em coautoria com outros companheiros) e tive a honra de que Penacova Online mostrasse aos meus conterrâneos essa minha façanha.
Pois bem, no final do ano passado foi lançado o meu segundo livro individual e gostaria muito que divulgassem esse feito aos meus amigos de Portugal.
O livro tem o título de Automóvel sem Mistérios.
Um grande abraço a todos os amigos de Penacova, que tenham um excelente ano pela frente.
Grato
Hélio Cardoso


Especialista esclarece dúvidas sobre cuidados com automóveis

O engenheiro mecânico Hélio da Fonseca Cardoso aborda os principais pontos e polêmicas sobre tecnologia veicular em seu livro “Automóvel sem Mistérios”
Ao longo de três anos, o engenheiro mecânico HÉLIO DA FONSECA CARDOSO, NATURAL DE REBORDOSA, PENACOVA, RESIDENTE EM SÃO PAULO BRASIL, diretor do IBAPE/SP (Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo) escreveu uma série de artigos voltados ao esclarecimento de dúvidas sobre a escolha e utilização de automóveis e, agora, os reúne no livro “Automóvel sem Mistérios – 50 Dicas Sobre Tecnologia Veicular”. A obra é voltada para todos os amantes de carros e aos que buscam informações para comprar o primeiro automóvel ou trocar o que já possuem.
O livro foi lançado pela editora Leud traz com uma linguagem didática diversas informações sobre cuidados com automóvel. “São informações importantes que visam minimizar uma série de dúvidas que surgem quando precisamos executar algum tipo de manutenção, passar por uma inspeção ou escolher um veículo novo ou usado”, afirma o autor.
Entre as dicas contidas no livro, o engenheiro destaca os pontos que devem ser observados antes de comprar um novo veículo. “Muitas pessoas levam em conta simplesmente a estética na hora de comprar um carro, mas é importante saber exatamente como ele será utilizado e, assim, escolher um modelo com características compatíveis ao objetivo do usuário”, explica Cardoso.
De acordo com o especialista, é preciso saber, por exemplo, se o veículo será utilizado na estrada ou na cidade, se é para uma família ou se fará transporte de cargas. Essas informações devem influenciar a escolha do tipo de motorização, um carro mais potente ou mais econômico. “É preciso observar também os gastos que o veículo gera. Além de ver se o preço do carro cabe no bolso, devem-se checar os custos com manutenção, seguro e impostos”, alerta.
Escrito em linguagem acessível, a leitura do livro não requer do leitor qualquer conhecimento técnico prévio para total compreensão dos assuntos abordados. Segundo o autor, os artigos foram escritos pensando inclusive no interesse crescente das mulheres na temática. “Escrevi para que elas também se habituem ao tema. Hoje as mulheres escolhem o próprio carro, antigamente eram os homens que escolhiam para elas”, explica o engenheiro.
Para Cardoso, o livro dá uma visão geral sobre o assunto e também serve de apoio em situações comumente enfrentadas por proprietários de veículos. “Esta obra fará com que o leitor se torne mais analítico e crítico ao discutir sobre o assunto em qualquer ocasião, inclusive para evitar que o sonho vire pesadelo”, afirma o autor.


12 janeiro 2014

Louvado seja Deus pela Voz Solene do Órgão

Aspectos das obras de restauro / fotos da APDML
Na página do facebook da Associação Pró-Defesa do Mosteiro de Lorvão, podemos ler que “o órgão já tem voz”. Aí se noticia que se encontra “em fase de afinação e instalação final dos últimos registos o órgão monumental de Lorvão”. Recorda-se que foram “mais de duas décadas de luta” e acrescenta-se que “os trabalhos deverão ainda prolongar-se pelo mês de Janeiro, findos os quais poderemos assistir ao concerto inaugural.”

A importância histórica, cultural, musical do Órgão de Lorvão é inegável. Mais uma vez vamos reler um dos muitos escritos do Prof. Doutor Nelson Correia Borges no Notícias de Penacova.

NOTÍCIAS DE PENACOVA_1968
Este ilustre historiador penacovense escreveu (1968) naquele periódico um conjunto de quatro artigos sobre este tema onde nos apresenta “alguns dados de ordem técnica e histórica”. No primeiro artigo Nelson Correia Borges lamenta que “depois de importantes obras de restauro levadas a cabo em 1955 pela DGEMN e que fizeram voltar o alentado instrumento ao seu antigo esplendor, dum momento para o outro elas ficassem inutilizadas parcialmente por injustificável incúria, em virtude de ter-se dado infiltração de água das chuvas durante umas obras de reparação do telhado”.  
Segundo este especialista da temática lorvanense “é provável que existisse em Lorvão em eras mais recuadas um órgão”. Todavia “ o primeiro órgão de que há notícia foi o que em 1718 mandou fazer a abadessa D. Cecília d’Eça e Castro. A abadessa D. Maria da Trindade resolveu reformá-lo, mandando mudá-lo, acrescentar-lhe mais registos e dourar-lhe a caixa.
Entretanto dão-se as obras de reconstrução da Igreja que começaram em 1748 e se prolongaram por cerca de vinte anos. Depois das obras, as religiosas quiseram dotar os mosteiro com um órgão que primasse pela “grandiosidade e perfeição técnica.” Assim, foi a abadessa D. Madalena Maria Joana Caldeira (1783-1786) que encomendou a António Xavier Machado e Cerveira, (que seria irmão de Machado de Castro) o actual órgão. Só ficou concluído em 1795, com o número 47 de fabrico. Em estilo “neo-clássico, conjuga-se admiravelmente com o interior da Igreja” – escreve o Prof. Nelson Correia Borges.Apresenta duas fachadas, uma para a nave e outra para o coro, “ sendo o único, no nosso país, com este aspecto”.
“Pouco tempo depois vieram as invasões francesas com os seus dias atribulados e começou a decadência que já se adivinhava com o fim do séc. XVIII. O tempo se encarregou de emudecer o alentado instrumento que desde os fins do século passado [XIX] não voltou a ouvir as suas vozes.”

A opinião do eminente organista americano  E. Power Biggs que visitou Lorvão

Em 1955 o órgão “recuperou a voz”  graças às obras acima referidas, levadas a cabo pela Firma João Sampaio (Filhos), Lda. Neste restauro foram introduzidas modificações nos foles e na cobertura do teclado. Os primitivos foles eram em forma de cunha e necessitavam de dois homens que tinham de se revezar com frequência. Foram substituídos por um único fole paralelo, instalado em sala contígua, com a vantagem de fornecer sempre a mesma pressão de ar. O seu conjunto harmónico é constituído por cerca de dois mil e quinhentos tubos de metal e madeira.
 “Por nunca ter sido publicado – refere o Prof. Nelson Correia Borges – julgamos de certo interesse dar a conhecer o seu dispositivo”.
São dois os teclados que agrupam os sessenta e um registos, correspondendo a dois órgãos distintos: um voltado para a igreja e outro para o coro.
CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
Descrição do complexo dispositivo harmónico, publicado pela 1ª vez pelo
Prof. Nelson Correia Borges em 1968

A pedaleira é composta por cinco pedais para o comando dos diversos efeitos (crescendos, decrescendos…). O tubo mais pesado tem cerca de 120 quilos e mede aproximadamente 6 metros de comprimento e tem 40 centímetros de diâmetro. Pode ver-se na fachada voltada para a nave.
“Teria o órgão de Lorvão tido música escrita propositadamente para ele? “ - tudo leva a crer que sim – entende Nelson Correia Borges - pois Lino d’Assunção refere uma monja que era exímia em música, D. Teresa Sancha Mafalda e que teria composto muitos hinos, uma missa e várias matinas.
Já em 1968 Nelson Correia Borges escrevia que “ é necessário que o órgão volte a poder fazer-se ouvir” (…) oferecendo, assim, Penacova  “a par de bucólicos passeios nas barcas serranas do manso Mondego, recitais no órgão de Lorvão”

Esse sonho parece agora estar prestes a ser concretizado. 

OBS: o título desta postagem refere-se a um conhecido cântico litúrgico, verso que é subtítulo dos artigos referidos.

04 janeiro 2014

Penacova (bem) representada no Roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro



Uma edição da CCDRC coordenada pela
Drª Ana Faria
Com data de edição de Dezembro de 2010 (mas só em 24 de Novembro de 2011 apresentado ao público)  o Roteiro dos Museus e Espaços Museológicos da Região Centro, publicado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, resulta do “ esforço de recolha, organização, requalificação e mostra de todo um conjunto de bens, testemunhos materiais da História, pertencentes às comunidades rurais e urbanas da Região”- refere a nota introdutória. Este trabalho, coordenado pela Drª Ana Santiago Faria, “é essencial para que se tome consciência do longo percurso que une as gerações passadas e presentes, para as projectar no futuro, levando a um reforço identitário urgente e indispensável à sua promoção pessoal e colectiva”- lê-se também no texto de introdução.
O concelho de Penacova está presente nas páginas 50-53. Não aparece referido o Museu da Casa da Freira, provavelmente, devido ao seu encerramento, à data da elaboração desta obra. Além da edição em livro, está disponível um espaço na internet que permite a consulta dos conteúdos referidos na edição impressa. Além disso, através do site  http://roteiromuseus.ccdrc.pt/ temos acesso ao livro integral na versão electrónica.
Páginas dedicadas ao Museu do Mosteiro de Lorvão e ao Museu do Moinho Vitorino Nemésio
 
Página 52 e 53 relativas aos Fornos de Cal e ao Museu do Rancho de Zagalho/Val do Conde
 
Além do interesse concelhio que esta obra tem, há todo um panorama cultural a nível da região centro que nos é apresentado e que merece ser consultado. 

 

03 janeiro 2014

Centro Cultural de Penacova exibe amanhã (sábado) o filme A Gaiola Dourada

 
 

     Integrado no programa Fitas ao Luar a Biblioteca / Centro Cultural de Penacova vai exibir, com entrada livre, o filme "A GAIOLA DOURADA". Veja aqui o trailer oficial.  O filme de Ruben Alves, luso-descendente conta  com os actores Joaquim de Almeida, Rita Blanco, Maria Vieira Bárbara Cabrita,  Chantal Lauby e Roland Giraud.
 
     Esta comédia, sobre uma família de emigrantes portugueses em Paris, foi vista por 109.366 espetadores, na semana de estreia em Portugal, segundo dados do Instituto do Cinema e Audiovisual.
O filme, que se estreou em Portugal a 1 de Agosto, entrou diretamente para o primeiro lugar das exibições de cinema comercial no país, com 109.366 espetadores e 561.217 euros de receita bruta de bilheteira, noticiaram os jornais.

 

01 janeiro 2014

Efemérides: Foral Manuelino, extinção do concelho de Farinha Podre e República


Poucas horas depois de o dia 31 de Dezembro de 2013 ter terminado, duas efemérides gostaríamos de destacar: 500 anos do Foral Manuelino (31/12/1513) e 160 anos da extinção do concelho de Farinha Podre (31/12/1853). Destes temas falámos já neste blogue e na imprensa regional.
Sobre o foral, pode espreitar a referência ao lançamento da edição fac-similada,  bem como um artigo sobre estas “joias patrimoniais”. Pode ficar também a saber que o exemplar concelhio do foral manuelino esteve em vias de se perder como se um maço de papéis se tratasse, e pode ainda visualizar algumas páginas do foral onde a data de 31 de Dezembro de 1513 é fácil de ler.
No que se refere ao concelho de Farinha Podre, pode ficar a saber qual o âmbito geográfico do mesmo (as freguesias e os lugares que o compunham, o número de fogos) e aperceber-se do “desastre” que constituiu essa decisão de extinguir um concelho que tinha todas as condições para se desenvolver.
Além destas duas referências, façamos uma terceira viagem no tempo. Recuemos 100 anos. Em 1913-1914, viviam-se tempos “atribulados” da República, onde as divisões no seio dos republicanos já se faziam sentir, em especial entre António José de Almeida e Afonso Costa, o mesmo é dizer, entre Evolucionistas e Democráticos.
No início de 1914 ( 3 de Janeiro) António José de Almeida escrevia no Jornal de Penacova um artigo intitulado “Ano Novo”. Aí perguntava, no seu estilo coloquial: “ Esta república, como no actual momento se encontra é má? Sem dúvida. Podemos mesmo, leitor amigo, sem forçar a expressão do vocábulo, chamar-lhe péssima.”
Assim, depois de tecer fortes críticas ao governo presidido por Afonso Costa apela a uma mudança urgente na condução do Governo e diz:
“Não te fiques nirvanicamente nas queixas e nos lamentos. Trabalha, mexe-te, congrega-te, conjura-te e anda para a frente” (…) Lembra-te que uma simples mudança ministerial, coisa que se faz sem abalos nem perturbações de espécie alguma, é o suficiente para que a paz, a ordem, a justiça serena, a equidade conciliadora, ponham em equilíbrio esta sociedade, que fazendo a evocação dos seus males, sobretudo deveria queixar-se de si.” Esta mudança ministerial que refere significava uma mudança de Governo e de Política.
“Anda e olha que a missão é facílima” – volta a reafirmar António José de Almeida, que conclui o artigo deste modo: “Nessa suposição [de mudança] te agoiro um novo ano que te faça, pelas suas vantagens, esquecer o 1913, com todos os seus desastres”.

29 dezembro 2013

Ao derradeiro dia do mês de Dezembro de mil quinhentos e treze...

Parte final do Foral Manuelino onde se pode ler a data de 31 de Dezembro de 1513.
Já nos referimos neste blogue, por diversas vezes, aos Forais de Penacova, em especial àquele com que o Rei Venturoso distinguiu estas terras "no derradeiro dia do mês de Dezembro" de 1513.
 
Transcrevemos hoje um excerto da nota introdutória à edição facsimilada, assinada pela Profª Doutora Maria Alegria Fernandes Marques:
"É notório o interesse do poder local pelos aspectos históricos das suas comunidades. E surge redobrado quando elas foram alvo da concessão de foral, em um qualquer momento.
Essa atenção pode justificar-se por muitas razões, mas há duas que convém registar, muito particularmente. Referimo-nos à consciência da sua ancestralidade e identidade e ao respeito pelos documentos da sua história.
Folhas XIII do Foral de 1513
 
Assim o caso de Penacova, vila distinguida com dois forais um do rei D. Sancho I e outro do rei D. Manuel. Se o facto de este concelho da beira do Mondego ser, sem dúvida, depositário de uma história multissecular pois que, com toda a certeza, o lugar existia em 1036, podendo, mesmo, ser herdeiro e continuador de outros, mais antigos na região, e detentor de um património histórico, artístico e cultural de um valor muito apreciável a começar pelo imponente e tão significativo mosteiro de Lorvão, justificava, já de si, uma obra de pesquisa, entendeu o poder autárquico actual fazer dedicar um estudo aos seus forais.
Assim, tem este trabalho por fim a publicação fac-similada e o estudo dos dois forais de Penacova. O primeiro, do mês de Dezembro do ano de 1192, havia de inserir-se numa política de valorização do território, tão característica do rei Povoador, o segundo, datado do último dia do ano de 1513, nasceu da grande reforma dos forais levada a cabo no reinado do rei Venturoso.
D. Manuel I, o Venturoso
No intervalo, a vila de Penacova havia de conhecer o destino de tantas outras do reino de Portugal: concedida a vários apaniguados régios, ao longo dos tempos, no governo do Mestre de Avis, futuro rei D. João I, havia de conhecer a família em cuja posse havia de persistir até ao fim do regime senhorial, em Portugal. Então, era doada a Nuno Fernandes Cordovelos, em agradecimento daquele rei pelos importantes serviços e pelo apoio que esse seu vassalo lhe tinha prestado, quando ele lutara pelo trono de Portugal, contra um partido adverso que tinha no poder castelhano a sua cabeça e coração. Na sua família se manteria até à extinção dos forais."
[SAIBA MAIS NO PENACOVA ONLINE NO DIA 31]

25 dezembro 2013

Penacova, Lorvão, S. Pedro de Alva e Rebordosa vão reviver Cantares de Natal


 
Os Cantares do Ciclo Natalício vão estar em primeiro plano na agenda cultural dos próximos dias. São já quatro as iniciativas programadas:
DIA 28 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de Penacova, pelas 21 horas, vão actuar, além do grupo organizador - Rancho Folclórico de Penacova, o Rancho Folclórico e Etnográfico de Alfarelos e o Rancho Folclórico de Paranhos da Beira.
DIA 29 de DEZEMBRO: na Igreja Matriz de S. Pedro de Alva, pelas 16 horas, integrado no Concerto de Natal, o Rancho Folclórico da Casa do Povo vai interpretar também Cantares do Ciclo Natalício. Neste evento actua ainda o organista João Guerra e o Grupo Vocal Ancãble. Uma organização conjunta da Paróquia, do Grupo Onda Jovem do Alva e do Rancho local.
No mesmo dia – e à mesma hora – em Lorvão, tem lugar o XVI ENCONTRO DE CANTARES DO CICLO NATALÍCIO, na Igreja do Mosteiro. Actuam o Grupo Etnográfico de Lorvão, o Rancho Folclórico São Salvador de Grijó, o Grupo Típico de Ancã e o Rancho Folclórico de Mundão.
12 de JANEIRO: na sede do União Popular da Rebordosa, pelas 16 horas, “Cantar do Natal aos Reis”. No encontro participam o Grupo Cultural Os Medroenses (Medrão – Sta Marta de Penaguião), Grupo de Cantares do Grupo Folclórico “Cravos e Rosas” (Oliveira de Azeméis), Cantadeiras da Alma Alentejana (Almada) e, por fim, o Grupo de Cavaquinhos da Rebordosa.
Neste tipo de cantares há “uma união do espiritual e do profano, em que se testemunha uma dualidade/unidade de princípios, de valores e de receptividade geral, vincada na exaltação, no humorístico, no satírico e no agradecimento, com votos de felicidade, de bem-estar, de gratidão, de louvor ao Menino e de penhor à pessoa" - escreveu  Mário Nunes, historiador e investigador das tradições populares, (e à data Vereador da Cultura), aquando do lançamento de um CD, em 2008, pela Câmara de Coimbra.
Segundo aquele historiador, falecido no Verão passado, a distribuição cronológica da festividade principia nos cânticos de alegria e de elevação espiritual ao Menino, entoados na noite de Natal e nos dias seguintes.

No primeiro de Janeiro cantam-se nos adros e de porta em porta as "Janeiras", cantares populares, outrora preparados para os lavradores e pessoas ricas e de linhagem, tendo por motivo agradecer os benefícios recebidos ao longo do ano, desejar Ano Novo repleto de alegria e saúde aos proprietários e familiares e pedir, em recompensa, alguns bens alimentares para festejar o evento.

Nos Reis, a 6 de Janeiro, a última fase do ciclo natalício, cultivam-se os mesmos sentimentos, emprestando-se o entusiasmo e a saudação, algumas vezes personalizados, ao Senhor da Casa e pessoas queridas. "Na ausência do esperado agradecimento, isto é, não correspondido, materialmente, cantam-se quadras, previamente escolhidas, em que o humor, a sátira e até o brejeiro dirigidos aos donos, acompanham as despedidas e formalizam o desagrado do grupo aos distinguidos com a saudação".

21 dezembro 2013

Documentário Memórias de Pedra e Cal

 

Um documentário sobre a extração, transformação e uso da cal na construção tradicional, produzido por portugueses e brasileiros, vai ser apresentado no domingo, em Penacova.
Uma primeira versão do documentário "Memórias de Pedra e Cal", cuja realização contou com a colaboração dos municípios de Coimbra, Cantanhede e Penacova, vai ser exibida no auditório da Biblioteca Municipal de Penacova, às 17:00, numa sessão que inclui debate com a população.
Neste concelho, a Câmara Municipal patrocinou a recriação da produção da cal parda, com a participação dos moradores do Casal de Santo Amaro, onde esta atividade envolveu sucessivas gerações ao longo dos séculos.
 

13 dezembro 2013

Cartas Brasileiras: ainda o tema da emigração de penacovenses para o Brasil


Um dos navios da minha  sogra

Contar como famílias portuguesas vieram para o Brasil, falar sobre aqueles que deixaram Penacova para fazer a América é também contar um pouco da história da nossa gente. Na carta anterior falei sobre o navio que trouxe meu avô português, na de hoje falarei sobre o da avó  que adotei, por ser a da minha mulher.

O Highland Brigade

E, mudando o curso, falarei sobre o navio de minha sogra, porque ela veio com a mãe e o irmão, desembarcando em Santos no dia 6 de março de 1934. Veio mesmo de navio, como está comprovado, o que me impede de dizer a asneira de que teria vindo montada em uma vassoura, como dizem os genros desalmados; não ela, especialmente ela.
 
O interessante é que, como se observa no documento aqui já publicado em carta anterior, no Passaporte de Viagem contam dois navios: Highland Brigade e Ruy Barbosa. Segundo ela, a data da  viagem, depois de tudo pronto, foi alterada, talvez por isso constem os nomes de dois vapores, porque não trocaram de navios, nem na parada ocorrida em Recife (Pernanbuco- Brasil).
 
Sobre o vapor inglês Highland Brigade, reproduzo fragmento extraído do livro “O ano da morte de Ricardo Reis”, do famoso escritor português José Saramago:

“...Um barco escuro sobe o fluxo soturno, é o Highland Brigade que vem atracar ao cais de Alcântara. O vapor é inglês, da Mala Real, usam-no para atravessar o Atlântico...enfim entrará o Tamisa como agora vai entrando o Tejo, qual dos rios o maior, qual a aldeia.”
 
Como era o vapor? Deixemos que o mesmo Saramago nos diga:

“ Não é grande embarcação, desloca catorze mil toneladas, mas aguenta bem o mar, como outra vez se provou nesta travessia, em que, apesar do mau tempo constante, só os aprendizes de viajante oceânico enjoaram, ou os que, mais veteranos, padecem de incurável delicadeza do estômago... provido de tombadilho espaçosos para sport e banhos de sol, pode-se jogar, por exemplo, o cricket, que, sendo jogo de campo... Em dias de amena meteorologia ...é jardim de crianças e parada de velhos, porém não hoje, que está chovendo e não iremos ter outra tarde...”
 
Possuía acomodação para 150 passageiros na 1ª classe, 70 na segunda, e 500 na 3ª, na qual vieram Vó Maria com os filhos: Lucília (a sogra), com 6 anos e Orácio (como grafado) com 4 anos, que partindo de Povoa da Figueira, passaram por Souselas, de trem para o Porto onde embarcaram rumo a  Lisboa, desembarcando em Santos (Brasil).  

Em 1940, e durante a II Guerra Mundial foi transformado para transporte da tropa inglesa. Com o fim da guerra voltou aos antigos proprietários, vendido em 1959 para um armador grego, passou a se chamar Henrietta, fazendo rotas entre Gênova e Austrália, posteriormente foi rebatizado de Marianna em 19660, e finalmente, em 1965 foi levado para ser demolido no estaleiro de Kaohsiung, em Taiwan.

Sobre o outro navio falarei em outra carta.

Abraços  - Paulo T J Santos – ptjsantos@bol.com.br