19 outubro 2017

Poetas penacovenses (IV): ... e a nossa beleza ardeu


O Penacova Online tem na sua linha editorial a divulgação do património natural e belezas paisagísticas do nosso concelho. Nesta hora de luto, concelhio e nacional, em que jamais esqueceremos o que vimos naquela manhã de segunda-feira passada, autêntico  "day after" apocalíptico, ao percorrer o alto concelho, tragicamente atingido, dizíamos, nesta hora difícil, associamo-nos ao sentimento de Luís Pais Amante, aqui expresso neste texto intitulado "...e a nossa beleza ardeu".
Foi ontem, num dia trágico
Daqueles que não foi Deus que nos deu
Que nas nossas serras e outeiros verdes
Nas nossas encostas florescentes
O inferno aconteceu
Veio travestido de fogo
Intenso
Em bolas
Empurrado por ventos de maré
Suspenso
Monstruoso
Medonho
Desgovernado
Este incêndio malvado
Corria voraz atrás do tempo da paz
Sacrificando-o
Alimentava-se de tudo quanto lhe aparecia à frente
E, num repente
Cortou-nos o cabelo da beleza natural
Sorveu-nos o sangue bom do suor rural
Empertigou-se como se tivesse vida forte
De estupor
E matou-nos gente amiga com nome sem sorte
Nossos conterrâneos, amigos
Causando-nos muita dor
Consternação
E estupefação
O rasto deste abalo intenso e brutal
Que cheirará por aí a massacre sobrenatural
Não pode ficar escondido sozinho no nosso tempo
Nem esquecido na parte mais íntima do nosso pensamento
Terá que ser sempre lembrado como se fosse um desgraçado
... até porque ele nos ofendeu!

Luís Pais Amante
Telheiras Residence
16Out17, 21h30

Horrorizado com o que se passou na minha terra, Penacova


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